Porque o Festival de Beja é um evento que me é muito querido desde a primeira vez que o visitei. Porque o fim-de-semana em que tem início passou a ser, desde há uns anos para cá, uma das minhas alturas preferidas do ano: dois dias em que posso conhecer melhor o universo da banda desenhada nacional e estrangeira, estar com amigos que não vejo todos os dias e conhecer pessoas que partilham dos mesmos interesses. Porque é um festival organizado por gente que admiro como autores e como pessoas... O que torna ainda mais especial esta distinção.
No certame deste ano, o Festival de Beja terá uma vez mais um programa recheado e uma oferta variada. Um dos pontos desse programa é uma exposição individual minha, focada no meu trabalho como argumentista de BD.
Apesar de achar que não mereço (não é falsa modéstia, acho mesmo que não mereço mas enfim...) fico muito feliz por ser no festival que é e só espero que não desiluda...
Quero deixar apenas uma nota antes de passar a divulgar o descritivo das exposições...
Vivemos tempos complicados no país e no mundo, não é novidade para ninguém. Neste país, a cultura tem sido maltratada (muito maltratada!) tendo nós chegado a um ponto em que nem um Ministério desse pelouro já temos e não sei se voltaremos a ter num futuro que se adivinha cada vez mais negro. Corremos sérios riscos ao desprezá-la deste modo e receio que ainda vamos pagar bem caro esta escala de prioridades. O que quero dizer é que em Portugal existem muito poucos festivais de BD, sendo os mais significativos o da Amadora e o de Beja (o MAB vai com certeza melhorar com o tempo se continuar e o Anicomics só não está na lista porque não é específico de BD embora também seja um dos seus pontos fortes - de resto está inequivocamente em grande e este ano correu muito bem felizmente). O Festival Internacional de BD de Beja tem vindo a ganhar força de ano para ano e é apreciado por aqueles que o visitam. Na comunidade de autores, editores e livreiros que se deslocam ao Baixo Alentejo todos os anos para participar na festa, arrisco mesmo dizer que é adorado por todos. Este ano, o Festival só vai realizar-se porque as pessoas que o organizam não são deste mundo e se importam verdadeiramente pelo futuro da banda desenhada e da cultura em Portugal. Assim, o meu maior desejo era que houvesse uma enchente inédita em Beja este ano, a maior de sempre. Quem costuma ir que vá e que traga amigos que nunca foram... Que os amigos levem amigos. Isto para que os governantes vejam que nós queremos que aquilo exista e receba todo o apoio possível. Trocava mil exposições por esse desejo...
VIII FESTIVAL INTERNACIONAL
DE BANDA DESENHADA DE BEJA
DE 26 DE MAIO A 10 DE JUNHO
Entre os dias 26 de Maio e 10 de Junho Beja volta a fazer uma grande festa em torno da Banda Desenhada, reunindo originais de autores do Mundo inteiro. O Festival inaugura dia 26, sábado, às 15h00, na Casa da Cultura. A Programação no primeiro dia prolonga-se até às 3h30 da manhã. Em breve daremos mais notícias. Por enquanto aqui vos deixamos as exposições…
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS:
ANDRÉ OLIVEIRA (Portugal)
CARLA RODRIGUES (Portugal)
DE BEJA A ANGOULÊME - 18 HORAS DE COMBOIO (Portugal) - Exposição de Fotografia de Francisco Paixão
JÚLIO SHIMAMOTO - O SAMURAI DOS QUADRINHOS (Brasil)
MARIA JOÃO WORM (Portugal)
PEPEDELREY (Portugal)
EXPOSIÇÕES COLECTIVAS:
TRAÇOS COMUNS: ARTE ORIGINAL DA COLECÇÃO DE DOMINGOS ISABELINHO
Com Al Columbia (Estados Unidos), Al Smith (Estados Unidos), Alberto Breccia (Uruguai), Aristophane (França), Arturo del Castillo (Chile), Barron Storey (Estados Unidos), Bud Fisher (Estados Unidos), Carl Barks (Estados Unidos), Carlos Roume (Argentina) /Héctor Germán Oesterheld (Argentina), Chester Brown (Canadá), Chris Ware (Estados Unidos), Clare Briggs (Estados Unidos), Dave McKean (Reino Unido), David Wright (Reino Unido), Eddie Campbell (Reino Unido), Eddie Campbell (Reino Unido) / Alan Moore (Reino Unido), Frank Godwin (Estados Unidos), Fred (França), George McManus (Estados Unidos), Guido Buzzelli (Itália), Hal Foster (Canadá), Jaime Hernandez (Estados Unidos), Joe Matt (Estados Unidos), José Luis Salinas (Argentina) / Rod Reed (Estados Unidos), Kyle Baker (Estados Unidos), Tony Weare (Reino Unido) e Tony Weare (Reino Unido) / James Edgar (Reino Unido).
CORTO MALTESE NO SÉCULO XXI (Portugal) - Exposição do fanzine Efeméride, de Geraldes Lino
Com Alice Geirinhas, Álvaro, Ana Madureira, André Ruivo, Andreia Rechena, Arlindo Fagundes, Carlos Páscoa, Carlos Zíngaro, Daniel Lopes, David Campos, Miguel Falcato, Ricardo Ferrand, Filipe Abranches, JCoelho (Des.) / David Soares (Arg.), J. Mascarenhas, Joana Afonso, João Chambel, João Sequeira (Des.) / Luís Pedro Cruz (Arg.), José Lopes, José Pedro Costa, João Lam, Luís Guerreiro, Machado-Dias, Marco Mendes, Maria João Careto, Mota, Nazaré Álvares, Nuno Saraiva, Paulo Monteiro, Pedro Massano, Pedro Nogueira, Pepedelrey, Regina Pessoa, Renato Abreu, Ricardo Cabral, Ricardo Cabrita, Ricardo Santos, Roberto Macedo Alves, Rui Pimentel, Susa Monteiro, Tiago Baptista, Vasco Gargalo e Victor Mesquita.
ORIGINAIS E SERIGRAFIAS DA BEDETECA DE BEJA (Vários países)
Com Alberto Vázquez (Espanha), Alexander Zograf (Sérvia), Andrea Bruno (Itália), André Caetano (Portugal), Artur Correia (Portugal), Carlos Rocha (Portugal), Craig Thompson (Estados Unidos da América), Dave McKean (Reino Unido), David B. (França), David Rubín (Espanha), Fabio Civitelli (Itália), Fábio Moon (Brasil), Fernando Gonsales (Brasil), Fernando Relvas (Portugal), Fritz (Espanha), Gabriel Bá (Brasil), Gary Erskine (Reino Unido), Gisela Martins (Portugal) / Sara Ferreira (Portugal), Hermann (Bélgica), Hypollite (França), Jakob Klemencic (Eslovénia), João Lam (Portugal), José Manuel Saraiva (Portugal), Lourenço Mutarelli (Brasil), Loustal (França), Martin tom Dieck (Alemanha), Maria João Careto (Portugal) / André Oliveira (Portugal), Max (Espanha), Miguel Rocha (Portugal), Niko Henrichon (Canadá), Rufus Dayglo (Reino Unido), Susa Monteiro (Portugal), Ulf K. (Alemanha), Véte (Portugal) e Zé Francisco (Portugal).
MOSTRAS:
DIOGO CARVALHO (Portugal) – Obscurum Nocturnus
1 comentário:
E, apesar da crise, está a ser um grande festival. Gostei de ver a tua exposição, pois dá-nos uma dimensão engraçada de alguém que muitas vezes é esquecido e injustiçado: o argumentista. E é engraçado ver os teus textos e depois as visões que vários desenhadores retiraram deles. Um abraço.
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