segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Lançamento Quarentugas no Amadora BD

De repente, o impensável aconteceu.

 

Um dia, estávamos a fintar pessoas no shopping, a pedir mais um copo na esplanada ou a desesperar na fila da bilheteira do cinema. No dia seguinte, ficámos fechados em casa, a tentar que o vírus não deslizasse por debaixo da porta. As opiniões dividiam-se (ainda se dividem) e não houve meio termo: ou vinha o apocalipse ou era tudo uma fantochada.

E se há coisa que o “tuga” faz bem, é borrifar-se no meio termo.

Para afastar a angústia e o desgosto, só resta uma alternativa ao ser humano: rir a bom rir. Dançar o samba mesmo na cara daquilo que nos mete medo. E depois juntar tudo num livro.

 

Quarentugas nasceu no Instagram, como uma espécie de catarse e de reacção a tudo o que se estava a passar. Perante isto, André Oliveira e Pedro Carvalho fizeram aquilo a que estão habituados: em parceria e à distância, exageraram situações, extrapolaram notícias, forçaram a barra e procuraram expôr a tremenda dose de ridículo da pandemia e suas quarentenas. A guerra estava para durar mas, pelo menos, esta batalha foi ganha. E apesar do impensável, a BD salvou-lhes a vida, uma vez mais.

 

 
 

LANÇAMENTO

Amadora BD 2021

31 de Outubro (Domingo) às 15h

com Fernando Alvim

 

PRÉ-LANÇAMENTO

Loja Tinta nos Nervos

30 de Outubro (Sábado) às 16h30

 

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Apresentação Toutinegra no AmadoraBD


Os meus livros são o produto da minha experiência. 
Tem sido sempre assim, da comédia ao horror, do intimismo à acção, passando pelo registo dramático ou por outros mais difíceis de catalogar. Este meu Toutinegra segue a mesma linha.

Editado pela Polvo e ilustrado (brilhantemente, quanto a mim) por Bernardo Majer, reflecte muito daquilo que sinto acerca de assuntos importantes. Da saudade latente de momentos que vivi e de pessoas que fui perdendo ao longo do caminho. Da solidão de ser único e, ao mesmo tempo, menos que um grão de areia na imensidão do universo.

Filosofias à parte, a apresentação é já este Domingo às 16h30 no AmadoraBD.
E, como não podia deixar de ser, estão todos convidados.


 Eis a sinopse:

"Real ou não, a Toutinegra tinha segredos."

Num lugar quase deserto e condenado ao esquecimento, há ainda duas candeias que resistem ao vendaval. E quando tudo pertence ao passado, a descoberta constante das crianças, ou o que ficou da memória, não é mais do que uma construção. Um castelo de cartas. Uma miragem e um vislumbre de todos os segredos do mundo.

Toutinegra fala de ausência, de aceitação e do vazio que fica após uma perda. Da coragem que é preciso para entrar no moinho escuro.



APRESENTAÇÃO

Amadora BD
Domingo, dia 27 de Outubro, 16h30
Fórum Luís de Camões
Brandoa, Amadora

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Something has to be fixed


A espera foi demasiado longa, admito. E prometo que não voltará a acontecer.
Depois de muitos precalços e acidentes de percurso, Turner e companhia regressam para mais um comic da série Gentleman, da minha marca editorial Ave Rara. Este segundo capítulo, conta agora com arte do super talentoso Fábio Veras (embora a capa continue a ser do Ricardo Reis) e aprofunda a narrativa num caminho ainda mais sombrio e surreal. Explicações ainda não há muitas mas ouvi dizer que começarão a surgir à medida que o final se aproxima.

Cada uma das edições de Gentleman será associada a uma carta de copas, é o conceito desta série. O número 2 corresponde à rainha.




Fica a nota de imprensa:

A jornada de Turner sofre um pequeno desvio. 
Na companhia do seu fiel Barnes (um elefante marinho falante com uma fome insaciável de sangue e medo) e do jovem Lloyd, dirigem-se agora para o pequeno inferno na Terra ao qual chamam de Puppy Mill. Porque o tempo está a chegar ao fim, cada minuto conta quando a missão é vingar a infância. E mesmo quando parece valer tudo para derrotar a rainha de um império tenebroso, Turner continua a ser gentleman ao fazer “aquilo que precisa de ser feito”. Perdem-se amigos, conhecem-se outros. Há um trilho vermelho vivo que indica o caminho de volta à estrada. Ninguém gosta verdadeiramente de desvios... Mas alguns valem a pena.
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APRESENTAÇÃO

Amadora BD
Sábado, dia 26 de Outubro, 17h15
Fórum Luís de Camões
Brandoa, Amadora

P.V.P: €2,95

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

"No Meu Lugar" nomeada para os Galardões BD Comic Con 2019


Apenas uma pequena pausa nesta espécie de hiato (há muito que não coloco nada no blog mas novidades virão muito em breve) para anunciar que a banda desenhada que fiz com o Filipe Andrade, "No Meu Lugar", está nomeada para o Galardão de Melhor Curta de BD da Comic Con Portugal 2019.


Uma obra especial, autobiográfica, feita em parceria com um amigo do peito e escrita a pensar na mulher da minha vida. Ah e editada no ano passado pela Bicho Carpinteiro no álbum Almanaque.
Muito obrigado ao Grande Júri pela distinção.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

"Living Will 1-7, a leitura de enfiada" por Mário Miguel de Freitas


Não esperem de mim uma recensão. Muitas já foram feitas, outras estarão por aí no prelo. Sobre Living Will, basta saber que foi publicado pela Ave Rara em 7 fascículos de 16 páginas cada; que foi imaginado e escrito por André Oliveira, com cinco números ilustrados por Joana Afonso e dois por Pedro Serpa, o 4 e o 6; e que narra a história de Will, um velho que perde o seu cão, o seu último elo à vida e gatilho de toda a trama. Os últimos dias de Will e as pontas soltas da vida que este pretende resolver dão o mote para uma obra belíssima sobre decisões e arrependimentos, sobre expectativas e desilusões, sobre pecados fatais e redenções falhadas. Em suma, uma obra belíssima sobre a vida. E André Oliveira escreve com mestria sobre os temas mundanos, como já o comprovou à saciedade em incontáveis álbuns e curtas de BD, caldo ensaístico que o André tem usado e abusado para estalar os seus ossos narrativos e estreitar parcerias com ilustradores de monta e outros que lá chegarão, haja sintonia entre talento e persistência.

Living Will, como qualquer grande obra, é sobre o seu autor e as suas vivências, mas faz-nos sentir igualmente retratados. Quem nunca perdeu o contacto com um grande amigo de outrora? Quantos de nós não têm um Trevor na vida, alguém que perdeu o norte e passou a viver igualmente desfasado dos outros pontos cardeais, incapaz da assumpção de culpas próprias, antes escolhendo indiscriminadamente bodes expiatórios ao seu redor? Sei bem o que isso é. Mas o André tem a capacidade de nos fazer vivenciar experiências que nunca tivemos, porque é cru, é visceral, quando a narrativa o pede. E consegue, porém, ser de uma tremenda subtileza e tirar-nos o tapete, naquele momento em que julgamos que o vamos finalmente apanhar num cliché. Não que eles não existam em Living Will: o que é a vida, o quotidiano, a mera existência, sem uma enxurrada de clichés? E eles também lá estão, mas usados de forma elegante, dentro de uma propósito narrativo sólido.

Living Will deve muito do seu charme ao desenho de Joana Afonso e à sua interpretação das personagens. Mesmo num registo menos dinâmico ou diversificado, longe daquele que marcava o clássico O Baile ou o mais recente Zahna, a expressividade e o traço inconfundível da ilustradora são uma injecção de personalidade nas criações de André Oliveira. Joana transmite emoções como poucos, e desengane-se quem pudesse pensar que o seu estilo cartunesco não poderia servir uma narrativa desta índole. Bem pelo contrário, são os esgares e sorrisos exagerados, as raivas inscritas em sobrancelhas contraídas e em indicadores espetados, e a movimentação caricatural das personagens que tornam Living Will numa obra doce e verdadeiramente humana, algo que um registo pseudo-realista nunca poderia atingir.

Dito isto, Living Will não é uma obra perfeita, longe disso. O arco narrativo do médico Terry soa algo deslocado do mundo aparentemente mais civilizado onde se desenrola a trama. Mas é na vertente artística que as maiores fraquezas e inconsistências se manifestam. O início exuberante de Joana Afonso vai-se diluindo ao longo dos números, como se a demanda de Will se começasse a tornar um fardo para a talentosa desenhadora. Os detalhes tornam-se mais esparsos, a variedade cromática de cada tom caminha para blocos mais monocórdicos, e as próprias personagens perdem elasticidade, repetindo-se em planos por demais rígidos. A chegada de Pedro Serpa, necessária à manutenção mínima da periodicidade de série, introduz um corpo estranho. Narrador visual de primeiríssima craveira, Serpa vê-se ele próprio numa bicuda encruzilhada, num equilíbrio ténue entre o seu estilo próprio e a tentativa de manter a identidade visual que Joana Afonso tão bem conferiu à série. O resultado, longe de ser brilhante, consegue o objectivo mínimo de manter o embalo da série, sustentada pela visão de André Oliveira e pela riqueza da sua escrita. Ora escorreita e coloquial, ora poética e literária. A legendagem, com balões desenhados pelos dois ilustradores, é orgânica mas inconsistente, com as lacunas normais de uma legendagem não profissional, uma das grandes pragas da BD portuguesa. Guias excessivamente espessas, posicionamento nem sempre elegante, e uma fonte que tem o seu charme mas a que não escapa o malfadado i serifado.

Uma surpresa, ou talvez não, é a qualidade do texto em Inglês. Bom, muito bom até, pouco ficando a dever à usual destreza com que André Oliveira trata a língua portuguesa. E uma nota a finalizar: não escrevo tudo isto por ser amigo do André. Ele bem sabe a franqueza das nossas conversas, bem conhece o espírito crítico que trocamos. Essa será decerto uma das razões por que ambos evoluimos como autores, como argumentistas. Nem sempre adoramos, ou gostamos sequer, daquilo que o outro faz, até pelas sensibilidades que nem sempre compartilhamos. Mas há sempre respeito e percepção de qualidade. De quem domina as ferramentas, de quem conhece o meio em que trabalha. E o André fá-lo como muito poucos, pela capacidade de espraiar os temas que aborda, do humor corrosivo à ficção histórica, do “slice of life” ao profundamente íntimo.

Mais do que celebrar os 5 anos de publicação ou o formato da dita publicação, Living Will será sobretudo uma obra para ser lida de enfiada. Vorazmente, como as grandes obras devem ser consumidas. E várias vezes. Porque Living Will ficará, para sempre, como um testamento vivo à qualidade da BD, portuguesa ou outra. E assim fecho com um cliché. Porque eles também fazem parte da boa escrita.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Aí está AKIRA


Nunca falei aqui da minha colaboração com a JBC Portugal e, na realidade, há muito para dizer. Depois de ter trabalhado em obras como o importantíssimo The Ghost in the Shell de Masamune Shirow, o ternurento O Cão que guarda as Estrelas de Takashi Murakami e a emocionante série Ataque dos Titãs de Hajime Isayama, chega agora a vez de Akira.


Com 364 páginas (entre as quais, 10 coloridas) este é o primeiro volume de uma colecção de 6 e uma daquelas obras em que me deu imenso gozo "mexer". Acho que os fãs da série não ficarão desiludidos e certamente terão uma prenda de Natal à medida das suas expectativas. Além de mim próprio que tratei da adaptação do Português do Brasil para o nosso idioma, estará presente o Julio Moreno (CEO da JBC) que tem sempre excelentes informações e histórias para contar acerca dos magás e mundo editorial japonês em geral.



O lançamento será este Sábado (15 de Dezembro), às 16h, na Kingpin Books da Avenida Almirante Reis (Lisboa).

Não faltem!

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Almanaque na Casa da Cultura de Setúbal

capa ilustrada por Susa Monteiro

No próximo Domingo, dia 2 de Dezembro às 16h, o cortejo do Almanaque passará pela Casa da Cultura de Setúbal. Depois do lançamento no Amadora BD, mais um passo na promoção deste álbum que inclui 18 bandas desenhadas do tempo da CAIS (aquelas que saíram depois do Casulo) e ainda outras 6 absolutamente inéditas. Inclui um prefácio do meu bom amigo Pedro Moura. E inclui também o enorme talento e generosidade de 23 ilustradores que muito admiro e prezo. Nomeadamente...


A editora é a Bicho Carpinteiro dos enérgicos e também autores Miguel Peres e André Morgado.

Além da presença dos editores e alguns dos autores, entre os quais me incluo, esta apresentação reserva ainda uma surpresa: quem adquirir o livro leva para casa um print da ilustração da Susa Monteiro para a capa. ;)